MANIFESTO BAR - Festa de 14 anos (2008)20.12.2008
Tim "Ripper" Owens: sem medo do passado
Substituir uma lenda do Metal nunca é um trabalho fácil. Aconteceu com Bruce Dickinson, entrando no lugar de Paul Di’Anno, e seu sucessor, Blaze Bayley. E os resultados de ambos não tiveram nenhuma semelhança. O mesmo ocorreu anos depois, no Judas Priest. A tarefa de executar as canções do “Metal God” Rob Halford caiu nas mãos do então desconhecido Tim Owens, logo apelidado de Ripper.
E o rapaz se deu bem. Se as composições do Judas não o ajudaram a cair nas graças dos headbangers, sua voz o fez. Tanto que, depois de ser despachado para a volta de Halford, foi parar ao lado de grandes nomes: Jon Schaffer - e seu Iced Earth - e Yngwie Malmsteen, além do trabalho com sua banda, o Beyond Fear. Tudo isso trouxe o cara para o Brasil. No dia 20 de dezembro, encheu o Manifesto Bar, em São Paulo, na comemoração de 14 anos da tradicional casa. Para completar a festa, tocou ao lado de grandes músicos brasileiros.
Tim Owens subiu - ou desceu, no caso do Manifesto - ao palco à 1 da manhã, quando o público já aguardava apreensivamente e em bom número. Acompanhando-o, estava a excelente dupla de irmãos Busic, Andria (baixo) e Ivan (bateria), do Dr. Sin, cuidando da cozinha. Na dupla de guitarras, Ulisses Miyazawa, professor e líder de uma banda com seu nome, e Hard Alexandre, que também leciona e toca no Madgator.
A combinação se mostrou afiada desde o início. Com uma jaqueta de couro, boné e óculos escuros Owens agitou os presentes e apresentou a poderosa “Metal Gods” (Judas Priest) como abertura. O clássico foi seguido por “The Ripper”, com a famosa pergunta “what’s my name?”, sobre o apelido do vocalista, e uma nova faixa clássica, uma das poucas que caíram nas graças do público na passagem de Ripper pelo Judas: “Burn In Hell”. A música tem clima soturno, riffs pesados e agudos fenomenais, e permitiu ao vocalista colocar o público em sua mão até o fim do show.
Além de outros sons de sua principal ex-banda, o estadunidense também aproveitou para relaxar e mandar algumas versões de bandas clássicas do Rock. Teve tempo para cantar “Paranoid”, do Black Sabbath; “Fligh of Icarus”, do Iron Maiden, com grande participação de Dani Nolden (Shadowside) na voz; e até “Cold Gin”, do Kiss. Mas o melhor cover foi com “Highway Star”, do Deep Purple, em que Owens deu um show com seus gritos e Rodrigo Simão (Dr. Sin) disparou notas nos solos de teclado, lembrando o saudoso Jon Lord.
Voltando ao Judas Priest, ainda foram apresentados sons como “The Green Manalishi (With the Two-Prong Crown)”, com o público cantando junto, e mais uma da fase de Ripper na banda, com a boa “One on One”. Vale citar que a banda fez seu trabalho com extremo profissionalismo, com Ivan Busic detonando sua bateria e Hard Alexandre mostrando muita garra.
Mas o destaque só pode recair sobre o vocalista. Tim Owens mostrou porque é um dos melhores vocalistas da atualidade. Além da simpatia com o público durante toda a apresentação (um pouco curta, com 1h15min), ele ainda mostrou um pouco de sua mais recente parceria, cantando “Rising Force”, de Malmsteen. Com o guitarrista, gravou recentemente o disco “Perpetual Flame”. A ausência ficou por conta de canções do Iced Earth, de modo compreensível, já que o vocalista foi brutalmente chutado da banda por John Schaffer.
Isso não tira o brilho do trabalho de Ripper Owens, que deve figurar entre os grandes do Metal por muitos anos. Neste aspecto, por sinal, ele já prometeu tentar trazer o Beyond Fear para o Brasil e, durante o show, afirmou que voltará ao Brasil para se apresentar com Yngwie Malmsteen. É esperar para ver!
Por: Mauricio Rodrigues
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