Tempestt & Evergrey (2009)
13.12.2009

Numa tarde de domingo, 13 de dezembro, nada convidativa e que fazia jus à "terra da garoa", foi realizada a segunda edição da "Metal Prog Party", tendo como atração principal a banda sueca Evergrey. Por volta das 15h já era possível ver uma fila formada na entrada do Carioca Club, em São Paulo, casa de shows que une uma boa estrutura para shows e bons preços de ingressos por não ser tão conhecida – pelo menos até agora.

A casa foi aberta às 17h e uma hora depois subiu ao palco a banda carioca Empürios, executando suas músicas com influências de Prog, passando até pelo Thrash Metal, mostrando o trabalho do primeiro álbum de estúdio, Cyclings. Tendo em sua formação Fernanda Decnop (vocal) e sua irmã Renata Decnop (guitarra), Iury Alonso (guitarra), Luiz Freitag (baixo), Marcos Ceia (teclado) e Daniel Dobbin (bateria), o grupo se apresentou muito empolgado, começando a esquentar o público mesmo com o tempo curto. Executaram as músicas "Silence", "Kiss of the Blade", "Over the Fire". No momento de sua música mais forte, "Chaos", os guitarristas chamaram o público para o "bate-cabeça", dando destaque à guitarrista Renata. Encerraram com "Empty" e "Deluge Etherial". É possível notar que a banda apesar de nova tem potencial, estava muito animada por poder tocar no mesmo palco das outras bandas já reconhecidas em cenário mundial e apesar de não ser tão conhecida pelos paulistas, foi bem aceita e aplaudida.

A próxima banda a se apresentar foi Bittencourt Project, do renomado Rafael Bittencourt (guitarra e vocal), que é acompanhado por Amon Lima (violino), Felipe Andreoli (baixo) e Marcell Cardoso (bateria). Rafael já é velho conhecido dos palcos por seu trabalho no Angra e surpreendeu tanto os tinham escutado o CD mas não tinham visto ao vivo, quanto quem não tinha escutado uma música sequer. A banda iniciou com "Dedicate my Soul", "Holding Back the Fire" e a inusitada "Torment of Fate", com a maioria do público cantando as músicas e aplaudindo muito. A seguinte foi a música mais calma do grupo, a bela "Santa Teresa", executada com sucesso por não ser uma daquelas baladas que causam bocejos. Sem Fabrizio di Sarno, os músicos conseguiram adaptar algumas partes das músicas em que supriram a falta dos teclados. A sonoridade mais diferenciada da noite ficou por conta desta banda, principalmente por ter um violino em meio aos instrumentos convencionais e não seguir uma linha musical exata, pois mistura desde Hard até o dito Heavy Metal. Para encerrar com chave de ouro executaram a instrumental "Comendo Melancia" e, como não poderia faltar uma do Angra, a escolhida foi "The Voice Commanding You".

Quanto à aceitação do público sobre seu álbum "Brainworms I", Rafael comentou que mesmo não sendo um trabalho tão direto com ‘Heavy Metal’, a aceitação tem sido muito boa, por ser o diferencial de seus trabalhos mais conhecidos. Explicou que, por exemplo, se alguém não gosta de músicas em português, já é um motivo para não aceitar certa música em seu CD, se não gosta de baladas, também, mas que no geral, as pessoas o tem apoiado em suas vertentes desconhecidas. Rikard Zander, do Evergrey, disse ter gostado muito da sonoridade, conhece Angra e achou um ótimo trabalho paralelo do guitarrista.

Em meio a um show e outro, os integrantes do Evergrey falavam com fãs e, descontraídos no camarote, posavam para fotos e autografavam, assistindo aos shows das outras bandas, comentando sobre.

A banda Tempestt entrou na sequência anunciando que seria o último show da extensa turnê do CD de estreia, "Bring’em On", que viajou não somente no Brasil mas por vários países da Europa. BJ (vocal), Léo Mancini (guitarra), Paulo Soza (baixo) e o mais novo integrante, Gabriel Tirani (bateria), iniciaram com a faixa-título, "Bring’ em On", seguida de "Lose Control" e "Sincronicity". No decorrer dos shows, o público aumentou drasticamente, tendo em vista que restavam alguns minutos para a grande espera da noite, o que não atrapalhou em nada a apresentação desta banda, que visivelmente fez um ótimo trabalho nestes dois anos de shows, pois agregou muitos fãs ao seu Hard Rock diferenciado com pitadas de Prog. O solo de bateria levou o público à loucura, sendo totalmente cabível no meio da apresentação da banda, que em seguida executou "The Evil that Man Do" (Iron Maiden). Entre outras músicas próprias, encerraram sua apresentação com “In My Dreams” do Steve Vai e "Don’t Stop Believein'", do Journey (na qual o vocalista tem tatuado no braço esta frase tão famosa). A banda saiu do palco tendo cumprido o dever, que foi levar aos presentes músicas boas e empolgantes, apesar dos pequenos problemas técnicos no final da apresentação, mas o Tempestt conta com músicos maduros e centrados em seu trabalho, que dão um show a parte em casa apresentação e não ficam devendo nada no quesito musicalidade.

Com muita expectativa dos fãs e casa cheia, eis que finalmente por volta das 21h a banda Evergrey subiu ao palco. Tom Englund (vocal), Henrik Danhage (guitarra), Jari Kainulainen (baixo, ex-Stratovarius), Jonas Ekdahl (bateria) e Rikard Zander (teclados) iniciaram com a paulada "Watching the Skies" e a linda "More Than Ever". Depois vieram "She Speaks to the Dead" e a pseudo-balada "As I Lie Bleeding", ambas recebidas com muita euforia e com os fãs tendo as letras na ponta da língua. Afinal, foram quatro anos desde a última passagem da banda por aqui (com o Pain of Salvation).

Os suecos sabem perfeitamente mesclar agressividade e técnica na medida certa em suas famosas composições, Tom não tirava o sorriso do rosto e Jari sempre cumprimentando os fãs com seus "jóias" (ele, que, por sinal, está muito acostumado com os brasileiros pelas suas vindas com o Stratovarius). Seguindo com "Obedience" e "Still in the Water", a banda chamava o público e parecia muito feliz com o feedback, mesmo com dois integrantes diferentes mas muito entrosados, Além do finlandês Jari, Jonas também é novo no time e ambos se encaixaram perfeitamente.

O público gritava, aplaudia, fazia "olé... olé" e se mostrava mais empolgado a cada musica executada. O set foi grande contendo desde sucessos antigos com músicas do CD mais recente, Torn, no qual escolheram "Soaked" e "Broken Wings". Então foi a vez de duas do CD "Monday Morning Apocalypse" (2006) – a faixa-título e "Still in the Water" – que pudemos presenciar duelos de solos entre o guitarrista e tecladista, enquanto os outros integrantes da banda tomavam novo fôlego. "Masterplan" foi um dos pontos mais altos deste show, pois a galera quase cantou mais alto que o próprio vocalista de forma impecável.

Em seguida tivemos "Blinded" emendada com a belíssima "End Of Your Days", do CD "Recreation Day" (2006). A próxima música a ser anunciada foi uma do segundo CD, na qual Tom brincou que quem achasse uma porcaria, poderia ir pra casa. Era a "Nosferatu", do álbum "Solitude, Dominance, Tragedy" (1999), uma balada mais pesada do que as habituais, acompanhando com palmas e com alegria por parte dos fãs mais antigos.

Na melódica "I’m Sorry", a surpresa da noite ficou por conta da inversão de instrumentos: Jonas tomou o posto de guitarrista e Henrik pegou as baquetas, no qual ambos se saíram muito bem apesar de não estarem em seus instrumentos de fato, quase não dando pra perceber a troca, provando mais uma vez quão versátil é esta banda. Voltando aos seus instrumentos habituais, seguiram com "When the Walls Go Down" e "Recreation Day", que foi cantada como um hino pela plateia – sem contar o momento engraçado de Tom ter enroscado seus longos cabelos no baixo de Jari, logo sendo ajudado pelo roadie.

Antes de encerrar a memorável apresentação, o tecladista Rikard foi a frente do microfone para anunciar o aniversário do vocalista Tom, que no dia seguinte faria 36 anos, então todos cantaram um "Happy Birthday" muito animado, que deixou o vocalista acanhado, mesmo com todo aquele tamanho (o cara deve ter uns 2 metros de altura!) e muitos aplausos até com direito a um bolo feito pela produção.

A última a ser executada com vigor foi "Touch of Blessing", sendo aplaudida com muita euforia pelos presentes, resultado da excelente performance da banda que não deixou a desejar nesta rápida passagem pelo Brasil. Com certeza Evergrey vai deixar ótimas lembranças na cabeça de seus fãs, de um show que demorou para acontecer, mas aconteceu de maneira extraordinária, valendo muito a pena pela qualidade, sonoridade, animação e empolgação – não só por parte do público incansável que se propôs a acompanhar tudo isso de perto, mas principalmente dos músicos com muita disposição. Quando perguntei ao tecladista Rikard Zander sobre o que acha do público brasileiro, nem pensou ao responder: "Eu os amo! São calorosos e eufóricos!" Sendo assim, que a banda volte – e logo – para os palcos brasileiros e que a "Metal Prog Party" continue com a estrutura oferecida e ótimas bandas como foi presenciado, pois com certeza o evento só tende a crescer com o passar do tempo.

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Agradecimentos à Brasil Music Press, Free Pass Entertainment, Carioca Club, Empürios, Rafael Bittencourt, Tempestt, Evergrey, Ponto Zero Blog.


Por: Leticia Okabayashi


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